Cultura clubber Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro sempre foi um caldeirão cultural efervescente. Desde o samba e a bossa nova até a explosão do rock nacional, a cidade moldou tendências e consolidou sua identidade artística única. Mas foi entre os anos 80 e 90 que uma nova revolução tomou conta das noites cariocas com as casas noturnas: a cultura clubber.

Se hoje a música eletrônica tem uma cena sólida e respeitada no Brasil, grande parte desse mérito pertence ao Rio, que abriu suas portas para o House Music e consolidou o movimento clubber de maneira autêntica e inovadora. Esta jornada pelos tempos áureos dos clubes cariocas é um tributo às pistas que moldaram gerações, aos DJs que foram pioneiros e às noites inesquecíveis que definiram a cultura underground da cidade.
Os Primórdios: A Era da Discothèque
Antes mesmo da música eletrônica se tornar um fenômeno no Brasil, o Rio de Janeiro já tinha uma cena noturna vibrante. Nos anos 70, a febre da Disco Music invadia as pistas, influenciada pelos sucessos de Donna Summer, Bee Gees e Chic. O embalo do sábado à noite não era apenas um hit de cinema, mas um estilo de vida para os cariocas.
Clubes icônicos, como o Hippopotamus e o Sotão, foram os grandes palcos da discothèque brasileira. Lá, DJs como Ricardo Lamounier e DJ Amandio traziam as novidades das pistas de Nova York e Europa, embalando multidões com sets que misturavam Disco, Funk, Soul e Black Music. Foi nesse ambiente que surgiu a figura do disc-jóquei como protagonista da noite, transformando-se no que mais tarde conhecemos como DJ.
O brilho do globo espelhado e as pistas iluminadas por LEDs criavam um ambiente de sofisticação e liberdade. Mas o Rio não se limitava a copiar tendências internacionais. A cidade colocava seu toque tropical na música, adicionando elementos da cultura brasileira, como o samba-funk, e criando uma identidade única que marcaria o DNA da cena clubber carioca nas décadas seguintes.

O Crepúsculo de Cubatão e o Underground Carioca
No final dos anos 70 e início dos 80, a Disco Music começava a perder força, dando espaço para novos movimentos musicais. O Pós-Punk e a New Wave chegavam com uma proposta mais sombria e introspectiva, atraindo um público alternativo que buscava algo além do brilho da discoteca. Foi nesse contexto que nasceu o Crepúsculo de Cubatão, um dos primeiros redutos underground do Rio de Janeiro.
Localizado no subsolo de um prédio em Copacabana, o clube reunia um público diverso e libertário. Jovens dançavam virados para a parede, em uma espécie de transe coletivo ao som de Joy Division, Bauhaus, The Cure e outros ícones do Pós-Punk. Mas, aos poucos, a sonoridade eletrônica começou a se infiltrar nas pistas.
Um dos grandes responsáveis por essa transição foi José Roberto Mahr, um DJ visionário que importava sons que ninguém conhecia no Brasil. Seu estilo inovador transformou o Crepúsculo de Cubatão em um laboratório musical, onde beats sintéticos e reverberações eletrônicas começaram a dar o tom das noites cariocas.
A mistura do Pós-Punk com batidas eletrônicas abriu caminho para o surgimento da cultura clubber. O Crepúsculo de Cubatão marcou uma geração e preparou o terreno para a ascensão dos clubes que viriam a definir a cena eletrônica carioca.

Kitschnet: O Berço da Cultura Clubber Carioca
Com o fim do Crepúsculo de Cubatão, a cena underground carioca precisava de um novo lar. Foi então que surgiu o Kitschnet, ocupando o mesmo subsolo em Copacabana, mas com uma proposta mais futurista e colorida. Essa transição marcou a passagem dos anos 80 (sombrio e gótico) para os anos 90 (modernidade e tecnologia).
Foi no Kitschnet, em 1992, que Maurício Lopes, um dos maiores ícones da música eletrônica brasileira, fez sua estreia como DJ profissional. Segundo ele, esse momento foi crucial para a transformação do conceito de “boate” para “clube”, consolidando a cultura clubber no Rio de Janeiro.
O Kitschnet se tornou um dos primeiros espaços a abraçar a House Music como seu principal estilo, introduzindo a cultura das pistas de dança voltadas para a música eletrônica. O impacto foi tão grande que, a partir daí, uma nova geração de DJs e produtores começou a surgir, alimentando a crescente cena clubber carioca.
Dr. Smith: A Revolução Eletrônica dos Anos 90
Se o Kitschnet plantou a semente, foi o Dr. Smith que colheu os frutos. Localizado em Botafogo, esse clube icônico deu início à verdadeira revolução eletrônica no Rio de Janeiro. Sob o comando de Roberto Pedroza e com curadoria musical de Felipe Venâncio, o Dr. Smith trouxe para o Brasil a energia dos grandes clubes de Los Angeles e Nova York.
O clube contava com duas pistas:
- A principal, dedicada ao House Music e suas vertentes, comandada por Felipe Venâncio e DJ Edinho.
- A pista do banheiro, um espaço inusitado onde as primeiras festas de Techno aconteciam, com Maurício Lopes assumindo os decks.
O Dr. Smith não apenas consolidou o House e o Techno na cidade, mas também foi um dos primeiros clubes do Brasil a trazer DJs internacionais de peso, como Little Louie Vega, Armand Van Helden, Tony Humphries, Josh Wink e Laurent Garnier.
O clube também serviu de plataforma para o crescimento de artistas locais. David Tabalipa, por exemplo, começou a se destacar nesse período, trazendo influências do Acid Jazz, Soul e Drum and Bass, que se tornariam essenciais para a diversificação da cena eletrônica carioca.
A Consolidação da Cena: A Era Val-Demente
Nos meados dos anos 90, a cultura clubber no Rio de Janeiro já estava consolidada, mas ainda havia espaço para inovação. Foi nesse cenário que nasceu a Val-Demente, uma das festas mais icônicas da história da música eletrônica carioca. Fundada por Valéria Braga (Val) e Fábio Monteiro (mente por trás da grife Demente Criatura), a Val-Demente começou como uma celebração despretensiosa de aniversário e, em pouco tempo, se tornou um dos principais eventos do underground carioca.
A festa teve seu início em um sobrado em Botafogo, mas logo precisou de um espaço maior devido à crescente popularidade. A mudança para a Fundição Progresso, no coração da Lapa, elevou a Val-Demente a outro patamar. Com uma infraestrutura digna das maiores festas internacionais, incluindo sistema de som potente, iluminação laser e uma cenografia inovadora, a festa trouxe uma nova experiência para os clubbers cariocas.
O grande diferencial da Val-Demente foi sua mistura de público. Embora fosse predominantemente uma festa gay, reunia diversas tribos: clubbers, fashionistas, celebridades e amantes da boa música. A trilha sonora ficava por conta de Felipe Venâncio e Maurício Lopes, que exploravam a riqueza da House Music, trazendo influências do NY Garage, Acid House e Tribal House.
O impacto da festa foi tão grande que, para muitos, a Val-Demente representou um verdadeiro divisor de águas na cena clubber do Rio. A combinação de música de qualidade, público diverso e uma atmosfera libertadora fez com que a festa entrasse para a história como uma das mais importantes da década de 90.
David Tabalipa e a Pluralidade Sonora Carioca
Enquanto a House Music dominava a cena clubber do Rio de Janeiro, outros gêneros começavam a ganhar espaço nas pistas. Um dos nomes responsáveis por essa diversificação foi David Tabalipa, um DJ que transitava entre Acid Jazz, Soul, Funk, Drum and Bass e Big Beat.
Sua influência se expandiu para além dos clubes, alcançando eventos como o Mercado Mundo Mix, que teve um papel crucial na fusão entre música, moda e comportamento. Foi nesse período que a cena começou a se segmentar, dando origem a festas especializadas em estilos distintos.
Ao longo dos anos 90, surgiram festas dedicadas ao Drum and Bass, como a Febre e a Broken Beats, esta última organizada por David Tabalipa e DJ Mario Bros. Esse movimento foi essencial para o fortalecimento do DnB no Brasil, um gênero que, até então, era pouco explorado fora de São Paulo.
Tabalipa relembra:
“As noites da Dr. Smith foram muito importantes para minha carreira, principalmente quando abri a noite para o DJ Ricardinho NS. Mas foi no final da década de 90 que as coisas começaram a mudar, com a ascensão do Drum and Bass e a diversificação das pistas no Rio de Janeiro.”
O Impacto de Gustavo Tatá na Cultura Clubber
Outro grande nome que ajudou a moldar a cena eletrônica carioca foi Gustavo Tatá. Envolvido com a música desde 1989, Tatá começou sua trajetória como DJ ainda adolescente e, ao longo dos anos 90, tornou-se uma peça fundamental no movimento clubber.
Ele foi residente da X-Demente, uma extensão da Val-Demente, e acompanhou de perto a transição do cenário underground para um mercado mais profissionalizado. Segundo Tatá, um dos grandes desafios do Rio de Janeiro sempre foi a falta de investimento na cena eletrônica, diferentemente de São Paulo, onde o Techno já se consolidava como um dos gêneros principais.
Mesmo assim, o Rio conseguiu manter sua identidade, com uma cultura clubber marcada pelo calor tropical, a diversidade do público e a atmosfera hedonista das pistas cariocas. Para ele, a fusão entre música e comportamento foi um dos fatores que tornaram a cena do Rio única.
A Bunker 94 e a Chegada do Novo Milênio
À medida que os anos 90 chegavam ao fim, novos espaços começaram a surgir, redefinindo a cena eletrônica do Rio de Janeiro. Um dos clubes mais importantes desse período foi a Bunker 94, que trouxe uma proposta inovadora para o underground carioca.
Localizada em Copacabana, a Bunker 94 foi idealizada por um grupo de investidores italianos e teve a gestão de Cabbet Araújo, um nome que, anos depois, também estaria à frente da Fosfobox.
O clube contava com duas pistas:
- A principal, onde o Techno ganhava cada vez mais espaço.
- A pista alternativa, onde rolavam sets de House, DnB e outros estilos experimentais.
Nomes como Maurício Lopes, David Tabalipa, Nepal, Asian Dub Foundation e Renato Barac marcaram presença no clube, que se tornou um verdadeiro laboratório para novas sonoridades.
Para Tabalipa, a Bunker 94 foi um dos momentos mais intensos da sua carreira:
“Foi um período de muita experimentação musical. Tive a oportunidade de tocar ao lado de grandes nomes e testemunhar o crescimento da cena eletrônica carioca de perto.”
O Legado da Música Eletrônica no Rio de Janeiro
O impacto da música eletrônica no Rio de Janeiro vai muito além das pistas de dança. A cena clubber ajudou a moldar moda, comportamento e identidade cultural, criando um ambiente onde a diversidade e a liberdade de expressão sempre foram prioridades.
A partir da década de 2000, novos clubes e festivais começaram a surgir, consolidando a posição do Rio no cenário eletrônico nacional. Espaços como Fosfobox e Dama de Ferro continuaram a tradição dos clubes underground, enquanto eventos como Rio Music Conference trouxeram uma abordagem mais profissional para o mercado.
O Rio de Janeiro sempre foi um ponto de resistência artística e social, e a cena eletrônica é um reflexo disso. Mesmo enfrentando desafios, a cidade continua sendo um dos principais polos da música eletrônica no Brasil.
Reflexão
A história da música eletrônica no Rio de Janeiro é uma jornada de evolução, criatividade e resistência. Desde os tempos da Discothèque e do Crepúsculo de Cubatão, passando pela explosão do Dr. Smith e da Val-Demente, até chegar aos dias de hoje com festivais e clubes consolidados, a cena clubber carioca continua viva e pulsante.
Embora tenha enfrentado desafios, como a falta de apoio financeiro e mudanças no mercado, o espírito underground do Rio nunca morreu. O amor pela música, a cultura da liberdade e a diversidade do público garantem que a cidade continue sendo um dos grandes pólos da música eletrônica no Brasil e no mundo.
Seja através dos clubes históricos ou das novas gerações que experimentam com batidas e sintetizadores, o Rio de Janeiro mantém sua essência vibrante e apaixonada pela música. Afinal, mais do que um gênero musical, a cultura clubber é um estado de espírito – um chamado para dançar, se libertar e se conectar com o som que move o mundo.
O Papel do Rio no Cenário Internacional
O Rio de Janeiro, além de ser um berço cultural da música eletrônica no Brasil, também desempenhou um papel fundamental na inserção do país no cenário global. Ao longo dos anos, a cidade se tornou um destino cobiçado para DJs e produtores internacionais, atraindo grandes nomes da cena eletrônica mundial.
Desde os anos 90, o Rio foi palco para apresentações de artistas renomados, como Little Louie Vega, Josh Wink, Laurent Garnier, Armand Van Helden, Carl Cox, Sasha e John Digweed. A cidade oferecia um ambiente único, onde o calor tropical, a energia do público e a liberdade artística criavam experiências inesquecíveis para quem comandava as pistas de dança.
Além dos clubes, o Rio também começou a receber festivais eletrônicos de grande porte, como o Skol Beats (que posteriormente se transformou no Ultra Brasil) e eventos independentes que reuniam multidões em locações paradisíacas. Esses eventos ajudaram a consolidar a imagem da cidade como um hotspot da música eletrônica.
O intercâmbio entre DJs cariocas e o mercado internacional também cresceu significativamente. Artistas como Mau Mau, Anderson Noise, Renato Cohen e Fernanda Martins começaram a levar o nome do Brasil para grandes clubes e festivais na Europa, Ásia e América do Norte. A identidade clubber carioca, fortemente influenciada pelo House e suas vertentes, conquistou seu espaço no cenário eletrônico global.
A Nova Geração da Música Eletrônica Carioca
Embora a cena clubber carioca tenha suas raízes nos anos 80 e 90, a nova geração de DJs, produtores e clubes continua a manter vivo o espírito underground da cidade. O surgimento de novas tecnologias, plataformas de streaming e redes sociais permitiu que a música eletrônica se expandisse ainda mais, atingindo um público que antes não tinha acesso a esse universo.
Clubes como Fosfobox, The Week Rio e 00 (Zero Zero) desempenharam um papel crucial na renovação da cena eletrônica carioca nos anos 2000. O Fosfobox, por exemplo, se tornou uma referência para quem buscava uma experiência autêntica da cultura clubber, com noites dedicadas ao Techno, House e Bass Music.
A ascensão do festivalismo também impactou a cena eletrônica no Rio de Janeiro. Hoje, eventos como Rock in Rio (New Dance Order), Rio Music Carnival e Green Valley on Tour trazem DJs de renome internacional para a cidade, criando uma nova dinâmica para os amantes da música eletrônica.
A nova geração de DJs cariocas, como L_cio, Vermelho Wonder, Diogo Strausz, Flow & Zeo e Nana Torres, está expandindo os horizontes do som eletrônico brasileiro. Com influências que vão do House ao Afrobeat, do Techno ao Deep House, esses artistas continuam a moldar o futuro da cena clubber no Rio.
Os Maiores Clubes e Festas Eletrônicas do Rio de Janeiro
Para aqueles que desejam explorar a cena clubber carioca, existem diversos locais e eventos que continuam a manter viva a cultura da música eletrônica na cidade.
Clubes icônicos do Rio de Janeiro:
- Fosfobox – Um dos espaços mais importantes do underground carioca.
- The Week Rio – Club focado na cena LGBTQIA+ e festas de música eletrônica.
- 00 (Zero Zero) – Mistura de restaurante, lounge e pista de dança.
- La Paz Club – Alternativo, com noites de Techno e House.
- Bali Hai – Um dos primeiros clubes de música eletrônica no Rio.
Festas e festivais importantes:
- Rio Music Carnival – Festival que acontece durante o Carnaval e traz grandes nomes da música eletrônica.
- Xama Festival – Evento alternativo focado em Techno e House.
- New Dance Order (Rock in Rio) – Palco dedicado à música eletrônica no festival Rock in Rio.
- RARA – Festa itinerante que acontece em locais históricos da cidade.
- ODD Rio – Festa underground que mescla arte, moda e música eletrônica.
O Impacto Cultural da Cena Clubber
A cultura clubber no Rio de Janeiro não se resume apenas à música – ela influenciou moda, comportamento e identidade cultural ao longo das décadas. A fusão entre diferentes tribos urbanas dentro dos clubes e festas ajudou a moldar uma geração que via a música eletrônica como um estilo de vida.
Principais impactos culturais da cena clubber carioca:
- Moda alternativa e vanguardista – Dos looks extravagantes dos anos 90 às estéticas mais minimalistas da nova era.
- Diversidade e inclusão – A cultura clubber sempre abraçou a comunidade LGBTQIA+, tornando os clubes espaços de liberdade e autoexpressão.
- Arte e experimentação visual – Projeções, cenografias e instalações interativas sempre fizeram parte das festas eletrônicas do Rio.
- Música como resistência – A cena clubber carioca foi e ainda é um espaço de resistência artística e social, onde a música funciona como uma ferramenta de libertação.
Com o crescimento do digital e do streaming, o futuro da música eletrônica carioca está cada vez mais interconectado com o mundo. Se antes os DJs precisavam viajar para tocar em grandes festivais, hoje, um set gravado em Copacabana pode viralizar globalmente em questão de horas.
As Casas que mais se destacaram na Cena Noturna Carioca
Entre as primeiras boates que marcaram época estavam o Hipopotamus, Studio 54 e Le Boy, que trouxeram um novo conceito de entretenimento para o Rio de Janeiro. Essas casas foram pioneiras na criação de um ambiente sofisticado, onde a música, a dança e a moda andavam lado a lado.
Resumo da Ópera: A Casa da Celebração
O Resumo da Ópera não era apenas uma boate; era um verdadeiro espetáculo. Localizada em uma das áreas mais badaladas do Rio, essa casa noturna se destacava pelo requinte e pela cenografia exuberante.
A área VIP, projetada como a proa de um barco, oferecia uma vista privilegiada da pista, enquanto o som de Rhythm of the Night e outros hits da época embalavam os frequentadores. O ambiente sofisticado, aliado a uma programação musical de altíssima qualidade, tornava o Resumo da Ópera um dos destinos mais desejados da noite carioca.
Se você queria glamour, boa música e gente bonita, esse era o lugar certo para estar.
Um Palco de Luxo e Celebração
Localizada em um dos pontos mais badalados da cidade, o Resumo da Ópera era conhecido por sua cenografia impecável, que incluía uma área VIP em formato de proa de barco. A trilha sonora era composta por hits como Rhythm of the Night, e o clima era sempre de celebração.
A boate reunia um público seleto, que buscava música de qualidade e um ambiente sofisticado, tornando-se referência no circuito noturno carioca.
Baronetti
Quando se falava em sofisticação, a Baronetti era a referência máxima da noite carioca. Localizada em Ipanema, essa boate era frequentada pela alta sociedade do Rio e por celebridades que buscavam diversão em um ambiente elegante.
A trilha sonora misturava House Music refinado, Pop chic e sets exclusivos de DJs renomados, criando uma experiência única para o público seleto da casa. Se você fazia parte da “nata” da cidade, estar na Baronetti não era apenas uma opção – era um verdadeiro status.
O Reduto da Elite Carioca
Se havia um lugar onde as patricinhas e mauricinhos se reuniam, esse lugar era o Baronetti. Com um ambiente luxuoso e uma seleção musical impecável, essa boate atraía a elite carioca em busca de sofisticação e diversão.
O espaço foi palco de inúmeras festas exclusivas, onde celebridades e socialites frequentavam a pista, embalados por hits internacionais e sets de DJs renomados.
Circus
A Circus entrou para a história por um motivo bastante peculiar: suas festas de banho de espuma. No auge da madrugada, a pista era tomada por uma espuma branca, transformando a boate em uma verdadeira arena de diversão.
Os frequentadores sabiam que a produção caprichada não duraria até o final da festa, mas isso fazia parte da experiência. O clima de festa insana e a playlist animada garantiam noites inesquecíveis na Circus.
O Espetáculo do Banho de Espuma
Entre todas as boates do Rio, a Circus se destacou por uma atração inusitada: o banho de espuma. Os frequentadores sabiam que, ao final da noite, ninguém sairia seco, mas isso não impedia que a festa fosse um verdadeiro sucesso.
A experiência única, aliada a uma trilha sonora que misturava House, Pop e Dance Music, fazia com que a boate fosse um ponto obrigatório para quem queria uma noite fora do comum.
Ilha dos Pescadores: O Paraíso das Festas Temáticas
Poucas boates conseguiram oferecer uma experiência tão original quanto a Ilha dos Pescadores. Para chegar até lá, o público tinha duas opções: atravessar a ponte ou pegar um barquinho. Essa peculiaridade tornava o local ainda mais especial e contribuía para a mística da casa.
A programação musical transitava entre os ritmos brasileiros mais animados da época, como Axé, Pagode e Funk, fazendo com que as coreografias coletivas se tornassem um dos pontos altos da noite. Quem frequentava a Ilha dos Pescadores sabia que cada evento era uma nova surpresa – sempre com muita energia e diversão garantida.
Melt: O Ponto de Encontro dos Estrangeiros
A Melt tinha uma proposta diferente das outras boates do Rio. Com um ambiente acolhedor e intimista, essa casa noturna se tornou um verdadeiro ponto de encontro para estrangeiros que visitavam a cidade.
A música variava entre Indie, Rock Alternativo e Eletrônico, criando uma vibe descontraída e convidativa para um público diversificado. Muitas histórias de amizades (e romances internacionais) começaram na Melt, tornando-a um dos espaços mais queridos por cariocas e turistas.
Well’s Fargo: A Boate dos Telefones Misteriosos
A Well’s Fargo inovou ao trazer um conceito inusitado para a cena noturna do Rio: mesas equipadas com telefones internos, permitindo que os frequentadores se comunicassem de forma anônima e intrigante.
Além dessa interação diferenciada, a boate tinha um segundo andar com uma pista de dança que pegava fogo nos momentos mais intensos da noite. Canções como You Are My Sunshine de Papa Winnie eram verdadeiros hinos, garantindo que ninguém ficasse parado.
Symbol: Arquitetura Imponente e Noites de Luxo
Para quem buscava uma experiência visual marcante, a Symbol era o lugar ideal. A casa noturna possuía uma arquitetura imponente e uma decoração que impressionava desde a entrada.
Além disso, a programação musical era impecável, trazendo DJs internacionais e eventos temáticos que conquistavam o público fiel da casa. A Symbol se tornou um marco na cena carioca, sendo lembrada até hoje como uma das boates mais inovadoras da cidade.
Nuth: O Espaço de Todas as Tribos
Se havia uma boate que conseguia unir diferentes estilos e públicos, essa boate era a Nuth. Localizada na Barra da Tijuca, a casa noturna era frequentada por uma mistura única de tribos, que variavam conforme o dia da semana.
As festas iam do Hip Hop ao House, passando pelo Rock e até pelo Samba. A diversidade musical e o ambiente descontraído fizeram da Nuth um dos locais mais democráticos da noite carioca.
As Boates que Deixaram Saudade
Além das casas já mencionadas, o Rio de Janeiro abrigou dezenas de boates que marcaram época. Algumas delas incluem:
- Hipopotamus
- Rock in Rio Café
- The Week
- Help
- Le Boy
- Studio 54
- Bunker
- Mistura Fina
- El Turf
- Kananga do Illus
- Sweet Home
- Babylon
- Provisório
- Ballroom
- Trash
Cada uma dessas casas contribuiu para a rica história da vida noturna carioca, deixando lembranças inesquecíveis para quem teve a oportunidade de frequentá-las.
FAQ:
- Quais as boates mais famosas do Rio de Janeiro nos anos 80 e 90?
- Hipopotamus, Baronetti, Studio 54, Nuth, People e Symbol.
- Por que tantas boates fecharam?
- Mudanças nos hábitos de consumo, aumento da violência urbana e popularização de festas alternativas.
- O que aconteceu com a Help?
- Foi fechada e substituída pelo Museu da Imagem e do Som.
- Qual boate era conhecida pelo banho de espuma?
- A Circus era famosa por suas festas de espuma.
- Quais boates marcaram o cenário LGBTQIA+?
- Le Boy, The Week e Help foram algumas das mais importantes.
- Havia boates temáticas no Rio de Janeiro?
- Sim! A Ilha dos Pescadores, por exemplo, era conhecida pelas festas com temáticas tropicais.
- O que é cultura clubber?
- Movimento ligado à música eletrônica e à vida noturna, caracterizado por liberdade de expressão e identidade visual marcante.
- Quando surgiu a cena clubber no Rio de Janeiro?
- Nos anos 80, com a ascensão de clubes como o Crepúsculo de Cubatão.
- Quais foram os primeiros clubes eletrônicos do Rio?
- Crepúsculo de Cubatão, Dr. Smith e Kitschnet.
- Quem são os principais DJs da cena clubber carioca?
- Maurício Lopes, David Tabalipa e Gustavo Tatá.
- Qual a importância do Crepúsculo de Cubatão?
- Um dos primeiros clubes a trazer sonoridades eletrônicas para o Rio.
- Quando a House Music chegou ao Brasil?
- No final dos anos 80, se consolidando nos anos 90.
- Qual estilo predominava os clubes cariocas nos anos 90?
- House, Techno e Drum and Bass.
- Qual a diferença entre a cena do Rio e de São Paulo?
- O Rio era mais voltado para o House, enquanto SP focava mais no Techno.
- Qual o impacto da Val-Demente?
- Popularizou a cultura clubber no Rio e elevou o nível das festas.
- O que foi a Bunker 94?
- Um dos principais clubes de Techno no Rio nos anos 90.